sábado, 2 de abril de 2011

Raiva

Raiva, muita raiva dentro de mim, raiva de mim e de tudo que se relaciona a mim, raiva de não ter e não ser, de não estar e não ver, de não provar e não saber, de não reagir nem me mover. Raiva de senti tanto e de sentir tão pouco. Raiva de estar preso e ao mesmo tempo tão solto. Raiva de querer parar e de parar quando tenho que continuar. Raiva de ir e vir de lá pra cá e não chegar a nenhum lugar. Raiva do vazio que me enche e da enchente que enche o rio e que enche as ruas cheias de gente com raiva da lama que toma suas vidas, que suja o que nunca foi limpo. Raiva da teoria e da pratica, do bem e do mal, da razão e da mulher histérica que não para de gritar. Raiva do surdo e do mundo que não param de se comunicar e dessa gente que fala e não diz nada, que se cala e nada fazem alem de resmungar. Raiva do padre da freira e da puta que não para de chorar e cobrar e chorar. Raiva da culpa e da multa que não param de me incomodar. Raiva de ter tanto a dizer e não conseguir falar. Raiva de por um instante, por um vacilo perder você e me encontrar. Raiva de ter de ser eu mesmo e me preocupar se eu mesmo vou me aceitar. Raiva de ter deixado de existir, mesmo querendo viver, raiva de ter que parar de sonhar, mesmo  tendo que dormir raiva em saber que isso tudo é só raiva

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