sábado, 2 de abril de 2011

Minas Gerais X Minha cidade cheira a merda

Às vezes gosto de ser um mineiro deslumbrado olhando para o mar e pensar “êh marzão”... Gosto de comer meu pão de queijo quietinho e chamar as coisas de trem e trem de metrô. Gosto de olhar para as montanhas e suas formas suntuosas e mesmo já sabendo, imaginar o que há além. Gosto de atravessar suas paredes verdes, desbravar o mundo, é sempre necessário encontrar-me e me encontrar em outros lugares, mas gosto de voltar.

Não que eu goste tanto assim daqui, ou que aqui seja melhor do que outros lugares. Trata-se de um vinculo inexplicável, um laço inexorável que me prende de uma forma doce a BH. Tanto que na véspera da viagem, aqui estou a declamar versos e rimas, palavras e afagos dizendo tchau, mas eu volto já, só não sinto em lhe deixar.

Ah, como preciso de coisas novas, de cheiros, gostos, rostos e energias diferentes, ah, como há vida lá fora, por de trás das montanhas onde chegar pra lá não é arredar, onde trem é trem, coisa é coisa e as montanhas são substituídas pelo mar.

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Minha cidade cheira a merda
Não importa onde estejas, seja nos arredores ou nos bairros mais abastados, tudo cheira a merda. As praças, as ruas, as escolas, as padarias, farmácias e açougues, tudo cheira merda. Como tudo cheira a merda as pessoas começam a cheirar merda também, então chega a um ponto onde tudo e todos cheiram a merda. Inclusive os gatos, cachorros, passarinhos, tartarugas, baratas e ratos, todos cheiram a merda. É um cheiro de merda tão constante que passa a fazer parte do contexto de merda, e mal conseguimos sentir o cheiro dela. Talvez porque não seja só merda, nós seres humanos de merda produzimos lixo também, muito lixo e muita merda. Pode ser também porque já nos acostumamos com ela.
Estamos cercados de lixo e merda por todos os lados, por mais que tentemos disfarçar, a merda é generalizada. Merda dentro e fora das pessoas, de nossos estômagos e cabeças de merda. E quando menos se espera mais merda. Merdas de todos os tipos, formatos, texturas e acabamento, trata-se de merda para todo desgostos. E onde há gente, há merda, há lixo, há guerra ou no mínimo conflito, há inveja, há revolta, há intriga, há discórdia, há rancor, catarro, xixi e coco, catarro, xixi e coco, catarro, xixi e coco, catarro, xixi e coco... Sempre muita merda.

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