quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

QUEM DISSE QUE BRASILEIRO NÃO DESISTE NUNCA?



                 QUEM DISSE QUE BRASILEIRO NÃO DESISTE NUNCA? Carta de um Brasileiro que desistiu: 

Perdi as esperanças. Não me envergonho em admitir, simplesmente perdi as esperanças, não acredito que algum dia seremos melhores do que somos. Não consigo acreditar que um dia haverá justiça de verdade com tanta disparidade socioeconômica. 
Deixei pra lá, não me irrito mais, não acredito mais, não me incomodo mais. Na verdade, não quero mais saber, cansei de esperar e não ter, de lutar e não conseguir, me cansei de conseguir e não me satisfazer, é muita baixa qualidade, em todos os aspectos, lugares e possibilidades, não dá pra competir. Cansei dessa meia boquisse desgraçada e sem cura que somos expostos e obrigado a ingerir asperamente. 
Estou cansado de me sentir roubado, violado, desrespeitado, desprezado, estuprado, cansei de ser vitima do sistema, então eu não quero mais saber. Simplesmente parei de me importar. Não me interesso mais, azar. 
Se os políticos querem roubar, roubem. Se somos obrigados a pagar 40% de tudo que ganhamos em impostos que NUNCA FORAM E NUNCA SERÃO revertidos em benefícios e melhoras sociais, tudo bem, se a criminalidade e os índices de homicídios e sequestros só aumentam a números alarmantes, pra mim, é indiferente, se as estradas são esburacadas e os motoristas burros, imprudentes, negligentes e despreparados matam mais do que algumas guerras, a mim não interessa mais... Desisti.
Desisti porque somos demasiadamente bons. Somos os melhores em várias coisas, como por exemplo fingir. Somos os melhores em fingir que está tudo bem. É como se fosse moralmente errado não concordarmos com outras pessoas ou desgostarmos por questões de afinidades, então fingimos sempre que está tudo bem, sorrimos um sorriso meio amarelo e não contemos nossas línguas, em algum momento, mesmo que não seja de forma frenética, destilamos nosso veneno, uns com mais, outro com menos sofisticação, mas todos fingindo que está tudo bem.
Somos bons também em ignorar. Ignoramos como ninguém. Não interessa a cor, a raça, o gênero, o tamanho, a quantidade de gordura corporal, nos ignoramos. Com pleno uso da nossa primeira grande habilidade que é fingir, fingimos que não está acontecendo nada, como se não fosse com a gente, contra a gente ou para a gente. Fingimos que não existimos ou que simplesmente não fazemos parte do problema, fingimos espontaneamente, fingimos gostar, fingimos não gostar, fingimos não querer, fingimos... 
Idolatras. Somos perfeitos idolatras. Idolatramos gênios do mal e os mais completos idiotas. Idolatramos deuses, personagens de histórias da carochinha e idolatramos imagens e marcas. Idolatramos como se fossemos dotados da mais total e completa falta de auto-estima. Idolatramos como um bando de bestas imbecis e iludidas. Idolatramos bunda, peito, coxa, idolatramos a cerveja, idolatramos jogadores de futebol e participantes de reality shows. Somos um bando de idolatras, e fazemos isso como ninguém. 
Somos excelentes em nos comportar como quadrúpedes ruminantes. Ninguém melhor do que nós é tão bom em seguir as massas e agir como multidão, somos capazes de nos reunir em três e nos comportar como uma multidão abestalhada, ou seja, somo capazes de ser o melhor reflexo no nada. Robôs programados não seriam tão bons. É como se tivéssemos nascido para isso, devemos ser geneticamente preparados para não reagir e aceitar todo e qualquer tipo de exploração e abuso. Aposto que somos tão subservientes que se fosse estipulado que a partir do mês que vem todos deveriam receber uma marca como aquelas feitas em gados em cavalos, longas filas se formariam.